Caridade divulgação

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Tempo Certo - Renovando Atitudes (Hammed)


Capítulo 17, item 5
“... Aquele que semeia saiu a semear; e, enquanto semeava, uma
parte da semente caiu ao longo do caminho...”
“... Mas aquele que recebe a semente numa boa terra é aquele que
escuta a palavra, que lhe presta atenção e que dá fruto, e rende cento, ou
sessenta, ou trinta por um.”
Na vida, não existe antecipação nem adiamento, somente o tempo propício
de cada um.
A humanidade, em geral, recebe as sementes do crescimento espiritual a
todo o instante.
Constantemente, a “Organização Divina” emite idéias de progresso e
desenvolvimento, devendo cada indivíduo absorver a sementeira de acordo
com suas possibilidades e habilidades existenciais.
A Natureza nos presenteia com uma diversidade incontável de flores, que
nos encantam e fascinam. Certamente, não as depreciaríamos apenas por
achar que vários botões já deveriam ter desabrochado dentro de um prazo
determinado por nós, nem as repreenderíamos por suas tonalidades não ser
todas iguais conforme nossa maneira de ver.
Nem poderíamos sequer compará-las com outras flores de diferentes
jardins, por estarem ou não mais viçosas. Deixemos que elas possam
germinar, crescer e florir, segundo sua natureza e seu próprio ritmo
espontâneo. Isso será sempre mais óbvio.
Parece racional que ofereçamos a quem amamos o mesmo
consentimento, porque cada ser tem seu próprio “marco individual” nas
estradas da vida, e não nos é permitido violentar sua maneira de entender,
comparando-o com outros, ou forçando-o com nossa impaciência para que
“cresçam” e “evoluam”, como nós acharíamos que deveria ser.
Cada um de nós possui diferenças exteriores, tanto no aspecto físico
como na forma de se vestir, de sorrir, de falar, de olhar ou de se expressar. Por
que então haveríamos de florescer “a toque de caixa”?
Nossa ansiedade não faz com que as árvores dêem frutos instantâneos,
nem faz com que as roseiras floresçam mais céleres. Respeitemos, pois, as
possibilidades e as limitações de cada indivíduo.
Jesus, por compreender a imensa multiformidade evolucional dos
homens, exemplificou nessa parábola a “dissemelhança” das criaturas,
comparando-as aos diversos terrenos nos quais as sementes da Vida foram
semeadas.
As que caíram ao longo do caminho, e os pássaros as comeram,
representam as pessoas de mentalidade bloqueada e restringida, que recusam
todas as possibilidades de conhecimento que as conteste, ou mesmo, qualquer
forma que venha modificar sua vida ou interferir em seus horizontes
existenciais. São seres de compreensão e aceitação diminuta ou quase nula.
São comparáveis aos atalhos endurecidos e macerados pela ação do tempo.
Outras sementes caíram em lugares pedregosos, onde não havia muita
terra, mas logo brotaram. Ao surgir o sol, queimaram-se porque a terra era
escassa e suas raízes não eram suficientemente profundas.
Foram logo ressecadas porque não suportaram o “calor da prova”; e,
por serem qualificadas como pessoas de convicção “flutuante”, torraram
rapidamente seus projetos e intenções.
Nossas bases psicológicas foram recolhidas nas experiências do ontem.
São raízes do passado que nos dão manutenção no presente para ir adiante,
nos processos de iluminação interior.
Quando os “caules” não são suficientemente profundos e vetustos, há
bloqueios tanto em nossa consciência intelectual como na emocional. Um
mecanismo opera de forma a assimilar somente o que se pode digerir daquela
informação ou ensinamento recebido.
Assim, a disponibilidade de perceber a realidade das coisas funciona
nas bases do “potencial” e da “viabilidade evolutiva” e, portanto, impor às
pessoas que “sejam sensíveis” ou que “progridam”, além de desrespeito à
individualidade, é fator perigoso e destrutivo para exterminar qualquer tipo de
relacionamento.
Os espinheiros que, ao crescer, abafaram as sementes representam as
“idéias sociais” que impermeabilizam a mentalidade dos seres humanos, pois,
no tempo do Mestre, as leis do “Torah” asfixiavam e regulamentavam não
somente a vida privada, mas também a pública.
Os indivíduos que não pensam por si mesmos acabam caindo nos
domínios das “normas e regras”, sem poder erguer em demasia a sua mente,
restrita pelas idéias vigentes, o que os sentencia a viver numa “frustração
grupal”, visto que seu grau de raciocínio não pode ultrapassar os níveis
permitidos pela comunidade.
Jesus de Nazaré combateu sistematicamente os “espinhos da opressão”
na pessoa daqueles que observavam com rigor rituais e determinações das
leis, em detrimento da pureza interior. Dessa forma, Ele desqualificou todo
espírito de casta entre as criaturas de sua época.
As demais sementes, no entanto, caíram em boa terra e deram frutos
abundantes. O que é um “solo fértil”?
Nossos patrimônios de entendimento, de compreensão e de
discernimento não ocorrem por acaso, porqüanto nenhum aprendizado nos
envolverá profundamente se não estivermos dotados de competência e
habilidades propiciadoras.
A boa absorção ou abertura de consciência acontece somente no
momento em que não nos prendemos na forma. Aprofundarmo-nos no
conteúdo real quer dizer: “Quem não quebra a noz, só lhe vê a casca”. Mas
para “quebrar a noz e preciso senso e noção, base e atributos que requerem
tempo para se desenvolverem convenientemente. A consciência da criatura,
para que seja receptiva, precisa estar munida de “despertamento natural” e
“amadurecimento psicológico”.
Reforçando a idéia, examinemos o texto do apóstolo Marcos, onde
encontramos: “porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a
espiga, e por ültimo o grão cheio na espiga”. (1)
O Mestre aceitava plenamente a diversidade humana. Ele se opunha a
todo e qualquer “nivelamento psicológico” e, portanto, lançou a Parábola do
Semeador, a fim de que entendêssemos que o melhor apoio que prestaríamos
a nossos companheiros de jornada seria simplesmente esperar em silêncio e
com paciência.
Portanto, compreendamos que a nós, somente, compete “semear”; sem
esquecer, porém, que o crescimento e a fartura na colheita dependem da
“chuva da determinação humana” e do “solo generoso” da psique do ser, onde
houve a semeadura.(1) Marcos 4:28

Sacudir o pó - Renovando Atirudes (Hammed)

... Quando alguém não quiser vos receber, nem escutar vossas
palavras, sacudi, em saindo dessa casa ou dessa cidade, o pó de vossos
pés...”
“... Assim diz hoje o Espiritismo aos seus adeptos: não violenteis
nenhuma consciência; não forceis ninguém a deixar sua crença para
adotar a vossa...”
(Capítulo 21, itens 10 e 11.)
Não nos influenciemos pelos feitos alheios. Nossas atitudes devem
realmente nascer de nossas inspirações mais íntimas, e não constituir uma
forma de “reagir” contra as atitudes dos outros.
Não permitamos que emoções outras determinem nosso modo peculiar
de pensar e agir; caminhemos sobre nossas próprias pernas, determinando
como agir.
“Quando alguém não quiser vos receber, sacudi o pó de vossos pés”. A
recomendação de Jesus poderá ser assim interpretada: não devemos impor
aos outros o constrangimento de convencê-los à nossa realidade, como se
nossa maneira de traduzir as leis divinas fosse a melhor; nem achar que a
Verdade é propriedade única, e que somente coubesse a nós a posse
exclusiva desse patrimônio.
Em muitas ocasiões, a título de aconselhar melhores opções e diretrizes,
no sentido de esclarecer e priorizar a seleção de atitudes dos outros, que, na
verdade caberia a eles próprios desempenhar, nós extrapolamos nossas reais
funções e limites, transformando o que poderia ser esclarecimento e orientação
em abuso e ocupação indevida dos valores e domínios dos indivíduos.
Sentimos necessidade de “corrigir” opiniões, “indicar” caminhos, “induzir”
experiências, privando as pessoas de exercer opções e de vivenciar suas
próprias experiências. Deixando-as cair e se levantar, amar e sofrer, estamos,
ao contrário, permitindo que elas mesmas possam angariar seus próprios
conhecimentos e, dessa forma, estruturar sua maturação e crescimento
pessoal.
“Deixar casas e cidades que não nos ouvem as palavras” é demonstrar
que não temos a pretensão de únicos possuidores da revelação divina e que,
não fosse nossa intermediação, as criaturas estariam desprovidas de outros
canais de instrução e conhecimento divino.
“Reter o pó em vossos pés” é não ter a visão da imensidade e
diversidade das possibilidades universais, que apóiam sempre as criaturas de
conformidade com sua idade astral e sempre no momento propício para seu
crescimento íntimo.
A Vida Maior tem inúmeras vias de inspiração e revelação, a fim de
conduzir os indivíduos a seu desenvolvimento espiritual; portanto, não
devemos nos arvorar em indispensáveis dignitários divinos.
Lancemos as sementes sem a pretensão de aplausos e reconhecimentos,
mesmo porque talvez não haja florescimento imediato, mas na
terra fértil dos sentimentos humanos haverá um dia em que o campo produzirá
a seu tempo.
Ao aceitarmos as pessoas como indivíduos de personalidade própria,
respeitando suas opiniões, ideias e conceitos, até mesmos seus preconceitos,
estaremos dando a elas um fundamental apoio para que escutem o que temos
para dizer ou esclarecer, deixando depois que elas mesmas, conforme lhes
convier, mudem ou não suas diretrizes vivenciais.
Talvez o servo imprudente, arraigado no orgulho, esperasse louros
dourados de consideração e entendimento de todos os que o escutassem, e
que fosse amplamente compreendido em suas intenções, mas por enquanto,
na Terra, o plantio é ainda difícil e as colheitas não são generosas.
Há muitas criaturas intransigentes e rigorosas que não entendem,
impõem; não ensinam, pregam; não amam, manipulam; não respeitam,
criticam; e por não usarem de sinceridade é que fazem o gênero de “suposta
santidade”.
Portanto, se não formos bem acolhidos nos labores que
desempenhamos na Seara de Jesus, silenciemos sem qualquer “reação” aos
contratempos e aguardemos as providências das “Mãos Divinas”.
Nesse afã, prossigamos convictos de nosso ideal de amor, palmilhando,
entre as realizações porvindouras rumo ao final feliz, nosso próprio caminho,
cujo mapa está impresso em nosso coração.

Simplesmente um sentido - Renovando Atitudes (Hammed)

“... Admira-se, por vezes, que a mediunidade seja concedida a
pessoas indignas e capazes de fazer mau uso dela...”
“... a mediunidade se prende a uma disposição orgânica da qual todo
homem pode estar dotado, como a de ver, de ouvir, de falar...”
(Capítulo 24, item 12.)
Mediunidade é uma percepção mental por meio da qual a alma sutiliza,
estimula e aguça seus sentidos, a fim de penetrar na essência das coisas e das
pessoas. E uma das formas que possuímos para sentir a vida, é o “poder de
sensibilização” para ver e ouvir melhor a excelência da criação divina.
Faculdade comum a todos, é nosso sexto sentido, ou seja, o sentido que
capta, interpreta, organiza, percebe e sintetiza os outros cinco sentidos
conhecidos.
Nossa humanidade, à medida que aprende a desenvolver suas
impressões sensoriais básicas, automaticamente desenvolve também a
mediunidade, como conseqüência. Também conhecida como intuição ou
inspiração, é ela que define nossa interação com o mundo físico-espiritual.
As reflexões direcionadas para as áreas morais e intelectuais são muito
importantes, pois abrem contatos como “perceber” ou com o “captar”, o que
nos permite ouvir amplamente as “sonoridades espirituais” que existem nas
faixas etéreas, das diversas dimensões invisíveis do Universo.
Por outro lado, a mediunidade nunca deverá ser vista como “láurea” ou
“corretivo”, mas unicamente como “receptor sensório” - produto do processo de
desenvolvimento da natureza humana.
 Foram imensos os tempos da ignorância, em que a ela atribuíam o
epíteto de “dádiva dos deuses” ou “barganha demoníaca”; na atualidade,
porém, está cada vez mais sendo vista com maior naturalidade, como um
fenômeno espontâneo ligado a predisposições orgânicas dos indivíduos.
Ver, todos nós vemos, a não ser que tenhamos obstrução dos órgãos
visuais; já as formas de ver são peculiares a cada sensitivo. Escutar é
fenômeno comum; no entanto, a capacidade de ouvir além das aparências das
coisas e das palavras articuladas é fator de lucidez para quem já desenvolveu
o “auscultar” das profundezas do espírito.
Além do mais, a facilidade de comunicação com outras dimensões
espirituais não é dada somente aos chamados “agraciados” ou “dignos”,
conforme nossa estreita maneira de ver. Como a Natureza Divina tem uma
visão igualitária, concedendo a seus filhos, sem distinção, as mesmas
oportunidades de progresso, é autêntica a sábia assertiva: “Deus não quer a
morte do ímpio”, (1) mas que ele cresça e amadureça dispondo da
multiplicidade das faculdades comuns a todos, herança divina do Criador para
suas criaturas.
Por isso, encontramo-la nos mais diferentes patamares evolutivos, das
classes sociais e intelectivas mais diferenciadas até as mais variadas
nacionalidades e credos religiosos. Embora com denominações diferentes, a
mediunidade sempre esteve presente entre as criaturas humanas desde a mais
remota primitividade.
 A propósito, não precisamos ter a preocupação de “desenvolver
mediunidade”, porque ela, por si só, se desenvolverá. É imprescindível,
entretanto, aperfeiçoá-la e esmerá-la quando ela se manifestar
espontaneamente. Nunca forçá-la a “acontecer”, porque, ao invés de
deixarmos transcorrer o processo natural, nós iremos simplesmente “fazer
força”, ou melhor, “agir improdutivamente”.
Em vista disso, treinamentos desgastantes para despertar em nós “dons
naturais” é incoerente. Saber esperar o amadurecimento dos órgãos infantis é
o que nos possibilitou ver, falar, andar, ouvir, sentir, saborear ou preferir. Por
que então a mediunidade, considerada uma aptidão ontogenética do organismo
humano, necessitaria de tantas implicações e imposições para atingir a
 plenitude?
Aprofundando nossas apreciações neste estudo, encontramos, no “dia
de Pentecostes”, (2) uma das maiores afirmações de que são espontâneas as
manifestações mediúnicas e de que é natural seu despertar junto aos homens,
quando foram desenvolvidas repentinamente as possibilidades psicofônicas
dos apóstolos ao pousar “línguas de fogo”, isto é, “mentes iluminadas” sobre
suas cabeças, sem que eles esperassem ou invocassem o fenômeno.
A sensibilização progressiva da humanidade é uma realidade. Ela se
 processa, nos tempos atuais, de maneira indiscutível, pois, em verdade, “o
 Espírito é derramado sobre toda a carne”, (3) tomando os efeitos espirituais
cada vez mais eloqüentes, incontestáveis e generalizados.
(1) Ezequiel 33:11.
 (2) Atos 2:1 ao 8.
(3)Atos 2:17

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

MENSAGEIROS DA PAZ: BEZERRA DE MENEZES


"Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração.”

Espírito Ismael (Guia Espiritual do Brasil) delegando a missão a Bezerra de Menezes (foto), antes de reencarnar no orbe terrestre. 
Trecho retirado do livro: "Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho", pelo espírito Humberto de Campos, psicografia de Chico Xavier.


Nascimento e Juventude:
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti retornou ao seio terrestre em 29 de agosto de 1831 na fazenda Santa Bárbara, nos arredores de um lugar chamado Riacho das Pedras, município cearense de Riacho do Sangue, hoje Jaguaretama no estado brasileiro do Ceará.  Trazia consigo a importante missão de semear a Doutrina dos Espíritos em terras brasileiras, para se tornar o “Coração do Mundo e Pátria do Evangelho.”
Bezerra de Menezes fora filho de Antônio Bezerra de Menezes, capitão das antigas milícias e tenente-coronel da Guarda Nacional; e Fabiana Cavalcanti de Albuquerque. Seu avô paterno, o coronel Antônio Bezerra de Souza e Menezes, tomou parte da Confederação do Equador, e foi condenado à morte, pena comutada em degredo perpétuo para o interior do Maranhão, e que não foi cumprida porque o coronel faleceu a caminho da execução.
O jovem Bezerra era de família nobre, de tradição católica e recebeu uma rígida educação. Aos sete anos ingressara na escola pública de Vila do Frade, onde surpreendentemente equiparou-se a seu mestre em apenas dez meses de estudo, absorvendo todo o conhecimento ministrado.
Em 1842, aos 11 anos, devido a perseguições políticas, sua família se transferira de domicílio, passando a residir no Rio Grande do Norte. O local era conhecido como Vila Maioridade. Ali, Bezerra de Menezes foi matriculado na Escola Pública de Latinidade, se tornando fluente em latim e substituindo algumas vezes seus professores.
Em 1846, a família retorna para o Ceará, estabelecendo domicílio em Fortaleza, onde Bezerra de Menezes conclui os estudos preparatórios como aluno número um do colégio Liceu.
Sua família possuía muitos recursos financeiros, seu pai era um homem bom e emprestava dinheiro a amigos e parentes necessitados, com isso, logo se endividaram, chegando ao ponto de Antônio querer entregar seus bens aos credores, os quais não aceitaram e propuseram o pagamento das dívidas conforme suas possibilidades. Antônio preferiu entregar seus bens, passando ser administrador e tirando apenas os recursos necessários para subsistência de sua família.

O Curso de Medicina
Bezerra sonhara em se tornar médico, mas em decorrência das condições financeiras de seu pai, seria impossível custear os estudos. Mesmo com poucas perspectivas, em 1851, com 19 anos, o jovem parte de Fortaleza para o Rio de Janeiro, levando no bolso a quantia de 400 mil réis, provenientes de doações dos parentes.
Foi assim que em 1852, o rapaz ingressou como praticante interno na Santa Casa de Misericórdia. Para financiar seus estudos ministrava aulas particulares de filosofia e matemática.
Certo dia, quando se encontrava em extrema dificuldade financeira, necessitando de recursos para pagar a faculdade e o quarto que o abrigava, em um momento de desespero, orou fervorosamente pedindo a Deus que lhe enviasse uma inspiração para encontrar a solução deste problema, quando então veio em sua porta um rapaz necessitando de aulas particulares de matemática, oferecendo o pagamento adiantado da quantia de 50 mil réis, que era exatamente o valor que Bezerra precisava para cumprir com seus compromissos. No começo, Bezerra de Menezes não quis aceitar a proposta do rapaz, alegando que não gostava de matemática, mas em virtude da insistência do jovem e diante de sua necessidade, resolveu concordar com o proposto. Após acertarem os dias das aulas e efetuar o pagamento das mesmas, o rapaz despediu-se e nunca mais voltou para aprender matéria.
Em 1856, o jovem Bezerra conclui o curso de medicina e nessa época abre mão de seu sobrenome Cavalcanti e passa adotar apenas Bezerra de Menezes.

O Doutor Bezerra de Menezes:
Consultório do Dr°. Bezerra de Menezes
No ano subseqüente a sua formatura, o então doutor Bezerra ingressa no Corpo de Saúde do exército, tornando-se cirurgião tenente em 1858. No mesmo ano passou a fazer parte dos membros titulares da Academia Imperial de Medicina, colaborando também com a Revista da Sociedade Físico-Química.
Em 6 de novembro de 1858, casa-se com a primeira esposa, Maria Cândida de Lacerda, com quem teve dois filhos.  No ano seguinte, passa atuar como redator dos “Anais Brasilienses de Medicina”.
Bezerra de Menezes elege-se vereador em 1860 pelo Partido Liberal, e sob a alegação de que era médico militar corre o risco de perder o mandato e para evitar o fato e não prejudicar o partido, afasta-se do Corpo Médico do Exército.
Após quatro anos de casamento, sua esposa vem a desencarnar, deixando duas crianças ainda pequenas sob sua tutela. Este fato abalou nosso personagem profundamente.
Ao chegar ao ano de 1864, foi reeleito vereador para o mandato dos quatro anos subseqüentes. 
Bezerra de Menezes e Cândida Augusta
Depois de superar a perda da primeira esposa, em 1865, Bezerra casa-se novamente, desposando sua cunhada, Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã da primeira esposa, com a qual teve sete filhos.
No ano de 1867, Bezerra de Menezes torna-se deputado geral (o mandato corresponde ao que seria hoje o cargo de Deputado Federal), pelo Rio de Janeiro com a aprovação máxima de todos, permanecendo até 1868 com a dissolução da Câmara após a subida dos conservadores ao poder.  Bezerra se destacou por seu brilhantismo na política, defendendo a bandeira da igualdade entre todos. Ao findar seu mandato como deputado em 1868, afasta-se da política para dedicar-se integralmente a medicina, atendendo aos mais necessitados gratuitamente e dividindo o pouco que tinha. Foi um exemplo de médico e humanista colocando as necessidades alheias acima de suas próprias necessidades.
Após um período de quatro anos afastado da política, o nobre médico é novamente eleito como vereador, em 1878 com a volta dos liberais ao poder, torna-se mais uma vez Deputado, permanecendo no cargo até 1885, quando abandona por completo uma carreira parlamentar de mais de 30 anos para dedicar-se a caridade e a  Doutrina Espírita.
Suas publicações em vida ultrapassam o número de 40, entre artigos e livros científicos, traduzindo sua grande capacidade intelectual.

Bezerra de Menezes e o Espiritismo
O primeiro contato de Bezerra com o espiritismo se deu com a apresentação do Livro dos Espíritos por seu amigo Dr. Joaquim Carlos Travassos (tradutor da obra para o português), que lhe ofereceu um exemplar. Dr. Joaquim era integrante do Grupo Confúcio, mais tarde chamado Grupo Ismael, o qual veio a fundar a Federação Espírita do Brasil (FEB) em 1884.
Sede da FEB no Rio de Janeiro
A partir de então, Bezerra de Menezes dedica sua vida ao espiritismo e ao auxílio dos mais necessitados, sendo considerado “o médico dos pobres” e o “apóstolo da caridade”.
Em agosto de 1886, assume publicamente diante da assistência de 2000 pessoas sua admiração pelo espiritismo e passa a publicar livremente artigos de divulgação da doutrina espírita até o ano de 1893. Esses artigos eram intitulados: “Espiritismo-Estudos Filosóficos.”
Bezerra era possuidor de profundo conhecimento da doutrina espírita que segundo ele, estava adormecida em sua alma, pois tinha a sensação de que já conhecia aquelas recomendações morais e filosóficas trazidas pela codificação:
“Lia, mas não encontrava nada que fosse novo para meu espírito, entretanto tudo aquilo era novo para mim [...]. Eu já tinha lido ou ouvido  tudo  o  que  se  achava  no  Livro  dos  Espíritos  [...].  Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou mesmo, como se diz vulgarmente, de nascença”.
O médico tornou-se uma peça fundamental na divulgação do espiritismo no Brasil, bem como em sua organização federativa e ficou conhecido como “Kardec Brasileiro”. Nesta época, a Doutrina Espírita encontrava grandes dificuldades em sua propagação pelo preconceito por parte da sociedade e pela divisão de idéias surgidas no próprio movimento espírita.
Foi conduzido em 1889 à presidência da Federação Espírita, por unanimidade, com a missão de unir os espíritas em prol do fortalecimento da doutrina no Brasil, permanecendo à frente da FEB até 1900, ano em que foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC).

O Desencarne:
Nota sobre a morte de Bezerra
Bezerra de Menezes desencarna em 11 de abril de 1900, às 11h30min nos braços de sua abnegada esposa, Cândida Augusta, em conseqüência do AVC, o mesmo que o afastara da presidência da FEB e que o deixara tetraplégico e sem fala meses antes, deixando para nós o exemplo do amor e da bondade.
Dotado de um sentimento de compaixão e caridade, Bezerra de Menezes se sensibilizava com os problemas de todos que lhe procuravam. Atendia a seus pacientes sem cobrar um centavo pela consulta e doava o que tinha para que conseguissem comprar os medicamentos necessários para o tratamento.
Ficou pobre e quando não tinha mais nada para doar, desfez de seu anel de formatura para auxiliar aos mais carentes. Foi preciso constituir uma comissão presidida por Quintino Bocayuva para angariar fundos e donativos em auxílio de sua família.
O caridoso médico havia completado a missão que lhe foi conferida pelo espírito Ismael. Por onde esteve, espalhou o amor  e a caridade, ensinou os grandes a humildade e introduziu o espiritismo no Brasil. Sua generosidade era muito grande e seu coração era ainda maior.

 No Plano Espiritual:
Na primeira noite após seu passamento, Bezerra de Menezes se fez presente na sessão comemorativa intitulada “Ceia do Senhor”, na FEB, manifestando-se através da mediunidade de Francisco Pereira da Silva Júnior, trazendo sua primeira mensagem de paz após o retorno a pátria espiritual:
“Baixai vossos olhos sobre os meus amigos! São também vossos filhinhos, como eu, que aflito gemi e padeci na Terra, sempre com os olhos cravados em vós. Dai que eles possam compreender, ó Virgem Imaculada(...), esse amai-vos uns aos outros, certos, convencidos de que o amor que desdobrarem das suas almas, para os seus irmãos, evola-se, libera-se aos páramos onde está o vosso amado Filho, é o amor elevadíssimo que nos vem com Jesus.(...) Obrigado a todos vocês. Bezerra estará sempre unido aos vossos corações. O Bezerra pede a Deus, e Deus há de permitir que ele continue a trabalhar, a produzir a seara bendita.”
A partir de então, Bezerra torna-se um incansável benfeitor espiritual, trabalhando pelo progresso dos homens e do Brasil.
Permanece até os dias atuais no plano espiritual e está a frente de uma legião de espíritos que trabalham para o bem, em nome de Jesus.
Tornou-se um grande autor espiritual, trazendo sua mensagem em de mais de 20 obras através da psicografia de médiuns brasileiros como Divaldo Franco, Chico Xavier, Yvone do Amaral, Waldo Vieira, entre outros.
Seu nome é lembrado com carinho dentro e fora da comunidade espírita, pois antes de tudo foi uma grande pessoa, um exemplo de homem, político e médico, sendo homenageado em diferentes segmentos da sociedade e emprestando seu nome a instituições beneficentes, casas espíritas e ruas por todo país.
O povo brasileiro, a sociedade carioca e sobretudo a comunidade espirita, devem a este homem e iluminado espírito a eterna gratidão.
Bezerra de Menezes (1831-1900)
Saiba mais sobre Bezerra de Menezes, assista o filme: "Bezerra de Menezes: O Diário de um Espírito"