Caridade divulgação

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Abuso sexual infantil


Ao tratarmos de um assunto que envolve crianças e adolescentes, temos de levar em conta que a legislação brasileira considera como “criança” a pessoa com idade entre zero e doze anos, e passível, apenas, da aplicação de medidas protetoras e socioeducativas. A “adolescência”, por sua vez, inclui as pessoas entre os doze e os dezoito anos, encontrando-se estas sujeitas à aplicação das mesmas medidas(1). 

A Organização Mundial da Saúde considera o abuso sexual infantil como um fenômeno de maus-tratos na infância e na adolescência, definindo essa violência da seguinte maneira:
“A exploração sexual de uma criança implica que esta seja vítima de uma pessoa sensivelmente mais idosa do que ela com a finalidade de satisfação sexual desta. O crime pode assumir diversas formas: ligações telefônicas ou obscenas, ofensa ao pudor e voyeurismo, imagens pornográficas, relações ou tentativas de relações sexuais, incestos ou prostituição de menores.”

A criança que é sexualmente abusada cria sentimentos de medo, vergonha, perda da confiança em pessoas do mesmo sexo do abusador, sentimentos de culpabilidade, baixa autoestima, além de, mais tarde, poder vir a sofrer de depressão e ansiedade; e, se o abusador for um familiar, a angústia pode tornar-se ainda maior. No entanto, existem diferenças quanto às consequências do abuso, em relação a rapazes e meninas. 

Na ótica espírita, é necessário cautela, porque o sentimentalismo exagerado cria espíritas repletos de estereótipos que os colocam em distorção com a realidade social. É preciso romper com a visão clássica colocada, principalmente pela prática jurídica, em que se tem, de um lado, o autor da violência, o representante do mal, o marginal ou o psicopata; de outro, a pobre vítima, merecedora de toda pena e benevolência, e, ainda, os representantes do bem e da justiça humana. 

Aprendemos com a doutrina que somos espíritos e vivemos, de forma representativa, inúmeras vidas. Dessa forma, muitos reencarnam para participar intelectualmente de verdadeiras emboscadas, visando atingir, de maneira dolorosa, a intimidade sexual do próximo; outros foram executores de crimes desse tipo, e agora estão tendo sua expiação, tornando-se vítimas do mesmo mal.
Conforme a O.M.S.(2), se as vítimas forem rapazes, existe uma probabilidade de se tornarem agressores, podendo repetir os mesmos comportamentos a que foram sujeitos. A doutrina nos explica que um espírito encarna num corpo que possui características genéticas afins e também reencarna num grupo de pessoas (família) que tem pensamentos parecidos (explicando os maus-tratos na infância, que muitos psicopatas e pedófilos sofreram).

Tudo é conduzido por sintonia de frequências, pensamentos atuais e ações pretéritas, conforme a explicação da Física Clássica: ou seja, Ação e Reação.
Pela Lei Universal da sintonia de vibrações, poderá ocorrer, em um dado momento, que o espírito, na fase da infância, atraia e entre em sintonia com a frequência do agressor, ou seja, o pedófilo. Talvez não haja a programação, mas a tendência que a criança traz consigo, sendo forte, pode haver o risco de que ela passe por algo do gênero, que a espiritualidade não conseguirá evitar. 

O espiritismo ensina-nos a não condenar ninguém, recomendando que tenhamos, com relação a todos, respeito, consideração, inclusive para com as pessoas desequilibradas sexualmente, uma vez que elas constituem espíritos que atravessam um momento difícil e necessitam promover a sua edificação moral, através de uma conduta sexual equilibrada. Porém, não é lícita a ninguém, a “agressão sexual”, que vem a ser uma prática criminosa, por envolver criaturas inocentes e indefesas, constituindo, assim, um ato de extrema violência que, por isso mesmo, deve ser combatido.
Onde estariam esses espíritos benfeitores que visam amparar os envolvidos nesta expiação? A resposta pode ser encontrada em Kardec, que nos esclarece na introdução de O Livro dos Espíritos : “As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos sucumbir e assemelhar-nos a eles.” 

Muitos podem questionar, indagando o porquê de uma criança, ainda nos primeiros anos de sua infância, passar por tamanha crueldade: onde estaria a lógica em nascer e passar por uma expiação como essa? O que esta criança teria feito para sofrer tal punição?
A resposta está nos renascimentos sucessivos, que abrem perspectivas nunca antes contempladas. A imortalidade, exercitada pelo espírito ao longo de suas existências, num processo contínuo de evolução infinita, nos traz, através da reencarnação, uma maneira de nosso espírito evoluir. Kardec diz:
“[...] a encarnação não é uma punição como pensam alguns, mas uma condição inerente à inferioridade do espírito e um meio dele progredir” [...] “a encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do espírito; ao progresso intelectual pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral pela necessidade recíproca dos homens entre si. A vida social é a pedra de toque das boas e más qualidades”(3)
A Doutrina espírita prepara os jovens a se tornarem homens aptos para uma convivência dinâmica com a sociedade, ensinando-nos a entender as diversas atitudes do “Ser Humano”.


1. Estatuto da Criança e do Adolescente: art. 101 e 112 da Lei n. 8069/90,
2. Organização Mundial da Saúde
3. Livro: “A Gênese” – Allan Kardec - cap. XI - item 26