Caridade divulgação

domingo, 27 de janeiro de 2013

Aceitação

Quando precisamos aceitar uma circunstância que não foi planejada, o primeiro impulso que temos é o de ser resistente à nova situação. 

É difícil aceitar as perdas materiais ou afetivas, a dificuldade financeira, a doença, a humilhação, as traições. 

A nossa tendência natural é resistir e combater tudo o que nos contraria e que nos gera sofrimento. 

Agindo assim, estaremos prolongando a situação. Resistir nos mantém presos ao problema, muitas vezes perpetuando-o e tornando tudo mais complicado e pesado. 

Em outras ocasiões, nossa reação é a de negação do problema e, por vezes, nos entregamos a desequilíbrios emocionais como revolta, tristeza, culpa e indignação. 

Todas essas reações são destrutivas e desagregadoras. 

Quando não aceitamos, nos tornamos amargos e insatisfeitos. Esses padrões mentais e emocionais criam mais dificuldades e nos impedem de enxergar as soluções. 

Pode parecer que quando nos resignamos diante de uma situação difícil, estamos desistindo de lutar e sendo fracos. 

Mas não. Apenas significa que entendemos que a existência terrestre tem uma finalidade e que a vida é regida pela lei de ação e reação; que a luta deve ser encarada com serenidade e fé. 

Na verdade, se tivermos a verdadeira intenção de enfrentar com equilíbrio e sensatez as grandes mudanças que a vida nos apresenta, devemos começar admitindo a nova situação. 

A aceitação é um ato de força interior que desconhecemos. Ela vem acompanhada de sabedoria e humildade, e nos impulsiona para a luta. 

É detentora de um poder transformador que só quem já experimentou pode avaliar. 

Existem inúmeras situações na vida que não estão sob o nosso controle. Resta-nos então acatá-las. 

É fundamental entender que esse posicionamento não significa desistir, mas sim manter-se lúcido e otimista no momento necessário. 

No instante em que aceitamos, apaga-se a ilusão de situações que foram criadas por nós mesmos e as soluções surgem naturalmente. 

Aceitar é exercitar a fé. É expandir a consciência para encontrar respostas, soluções e alívio. É manter uma atitude saudável diante da vida. 

É nos entregarmos confiantes ao que a vida tem a nos oferecer. 

* * * 

Estamos nesta vida pela misericórdia de Deus, que nos concedeu nova oportunidade de renascimento no corpo físico. 

Os sentimentos de amargura, desespero e revolta, que permeiam nossa existência, são frutos das próprias dificuldades em lidar com os problemas. 

Lembremos que todas as dores são transitórias. 

Quando elas nos alcançarem, as aceitemos com serenidade e resignação. Olhemos para elas como mecanismos da Lei Universal que o Pai utiliza para que possamos crescer em direção a Ele. 

Busquemos, desse modo, as fontes profundas do amor a que se reporta Jesus que o viveu, e o amor nos dirá como nos devemos comportar perante a vida, no crescimento e avanço para Deus

Preocupação com a Morte

A morte é um tema evitado e, de certa forma, ainda ignorado por nossa sociedade. 

É como se fosse uma enfermidade que deve ser combatida. O fato, porém, é que a morte é inevitável. 

Todos nós morreremos um dia. É apenas uma questão de tempo. Ela faz parte da existência do homem, do seu crescimento e do seu desenvolvimento tanto quanto o nascimento. 

É uma das poucas coisas a respeito da qual temos certeza. Crianças, jovens, adultos e velhos - todos vamos morrer. 

Por isso mesmo, é importante que comecemos a olhar para a morte de forma diferente. Ela não é um inimigo a ser vencido, nem a prisão de onde devemos escapar. 

O fato de morrer jovem ou velho é menos importante do que o de ter vivido intensamente os anos que se teve. 

Uma pessoa pode viver mais em dezoito anos do que outra em oitenta. Porque viver não significa simplesmente acumular experiências e aprendizados. 

O essencial é viver cada dia como se fosse único. Encontrar um sentido de paz e força que combata as decepções e dores da vida. 

Ao mesmo tempo, é se esforçar por descobrir coisas que aumentem e alimentem as delícias da vida. 

Uma sugestão: aprender a se concentrar em algumas coisas que normalmente ignoramos. Por exemplo, observar e se alegrar com o desabrochar das flores; admirar a beleza do sol ao nascer cada manhã e ao se pôr todas as tardes. 

Consolar-se com um sorriso ou um gesto de outra pessoa. Observar, com surpresa, o crescimento de uma criança. Perceber sua maneira entusiasmada, descomplicada e, ao mesmo tempo, confiante, em relação à vida. Numa palavra, viver. 

Alegrar-se com a oportunidade de experimentar cada novo dia é preparar-se para a aceitação da morte. 

Aqueles que não viveram realmente, os que deixaram projetos inacabados, sonhos irrealizados, esperanças desfeitas, aqueles que deixaram as coisas verdadeiras da vida passar por eles, são os que não desejam morrer. 

Mas nunca é tarde demais para começar a viver e a crescer. 

Conan Doyle, o conhecido criador do personagem Sherlock Holmes, aos setenta anos escreveu uma carta, mais ou menos assim: 

Meu amigo! Espero que o meu modo de falar não seja demasiado íntimo. 

Talvez o que eu tenho a te dizer te pareça sem valor, e o ponhas de lado. Neste caso, nenhum mal haverá. 

Por outro lado, poderá ser uma bússola que te guie por uma nova senda que em todas as idades é importante. 

Vamos encarar as coisas frente a frente. Nós estamos para morrer - tu e eu. 

Apesar de tudo, não temos razão de encarar a morte como objeto de pavor, mas antes como um ponto vitorioso que é a culminância dos nossos esforços e o começo do nosso bem-estar. 

* * * 

A morte não é uma porta que se fecha para a vida, mas uma porta que se abre para a eternidade, e a eternidade é o próprio Espírito. 

A morte é apenas uma transição entre uma existência e outra, da vida que prossegue, vasta, exuberante, pulsante. 

Alguns dizem que não se sabe o que se encontrará para além da fronteira da morte. Em verdade, exatamente aquilo que semeamos na vida terrena: os amores, as afeições, a grandeza moral